"Regina Célia
Werneck Monteiro (1937) nasceu no Rio de Janeiro. É conhecida por sua
participação na MPB - Música Popular Brasileira, onde atuou e atua como
compositora e cantora. Tem parcerias com Cartola, Élton Medeiros, Durval
Ferreira, Djavan, Milton Nascimento, Ivan Lins e Moacyr Santos, entre outros.
Suas músicas foram gravadas por cantores e instrumentistas conhecidos em todo o
mundo, tais como Leny Andrade, César Camargo Mariano, Oscar Castro Neves, Billy
Eckstine, Carmen McRae, Cal Tjader e Paquito D'Rivera."
Poema
“Minha memória é um rio caudaloso
Onde, às vezes, eu me vejo submersa,
Afogada, asfixiada.
É um rio de torrentes que me arrasta
E me joga de um lado para outro,
Contra rostos, mãos, casas, esperanças,
Idéias, planos, ruas, despedidas,
Montes, mares, angústias e caminhos,
Pernas, pés, praias, solidão...
Estendo as mãos, as margens longe...
E vou me debatendo
Até que a voz do tempo
E o correr dos dias
Me salvem de mim mesma
E me coloquem outra vez
Nas margens tranqüilas do esquecer.”
Poema 1
“Como se faz para pintar uma flor
Que nasceu de um sonho de criança
Com que tintas se pinta uma ilusão
E com que cores se colore o amor
Como se faz para escrever canções
Que falem da luz daqueles olhos tristes
Que falem do riso que não se escutou
E do que a gente nunca se esqueceu
Como se faz para não se esquecer
Do que foi somente um dia a mais na vida
Do que é feita a ilusão da vida
E de que cor eu pinto o esquecer
Não sei de cores e não sei pintar
Sei bem demais só de esquecimento
Mas como vou pintar este momento
Em que pergunto como é que se faz”
Poema 2
“Que
função é essa que me foi confiada?
Eu que sei pouco de mim, nada da vida...
Eu que nem sei se amei, se ainda vou amar...
Que me engano e me perco toda vez
Que penso ter o mundo nas mãos,
Que mascaro minha insegurança e fragilidade
Com essa exuberância de risos e gestos,
Eu que tenho tanto medo que chego a ser ousada,
Ousada a ponto de me entregar inteira
A esta função sofrida, a este doloroso ofício
De escrever.”
Eu que sei pouco de mim, nada da vida...
Eu que nem sei se amei, se ainda vou amar...
Que me engano e me perco toda vez
Que penso ter o mundo nas mãos,
Que mascaro minha insegurança e fragilidade
Com essa exuberância de risos e gestos,
Eu que tenho tanto medo que chego a ser ousada,
Ousada a ponto de me entregar inteira
A esta função sofrida, a este doloroso ofício
De escrever.”
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