
De
repente tudo cai –
É olhando por dentro das paredes de meu quarto
Que vejo um grande bloco branco de madeira
Sair de dentro do gesso encardido.
Ah! Ele se escondia detrás o mundo!
Os eletroeletrônicos nunca gostaram de mim.
Meu pedaço de espuma, aqui no chão mesmo,
E todas essas coisas jogadas, me dão um leve conforto.
Meu amplificador chiado, não disse?
E tudo me dando uma sensação caótica de liberdade.
Esse litro de Smirnoff foi a melhor aquisição que fiz em minha vida!
Vamos! Digam: Ele está bêbado!
Que minha consciência alterada finalmente alcança
Um segundo de verdade.
Tenho o quadro de Van Gogh pregado na parede.
Tenho o meu quarto pregado na minha frente.
Frida Kahlo pregada em minha pele.
Uma música se pregando nas coisas.
E quem diria! Dalí tinha razão:
Aquele relógio na parede está se derretendo.
Tudo se derretendo em minha volta, tudo aí, parado.
Tudo está sendo, tudo é, e nada. O que não passa?
A música toca, as coisas dançam.
Tudo se manifesta e se nega ao mesmo tempo.
A arte é inútil e é o único meio
De eu adquirir a sensibilidade necessária.
Não faria a mínima diferença se eu escrevesse isso
Com tinta ou com sangue.
Estou com fome. E é aqui que começa.
Linauro Neto
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